seguramente, sou um dos irmãos que menos acompanhei a tua corrida em direção à realização do teu sonho: ser formada em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande Norte. Todavia, gostaria de exprimir a minha profunda alegria e, porque não dizer, a realização de mais um dos meus sonhos: ver a irmã caçula sendo formada em um curso de nível superior.
Quero, primeiramente, nesta festa de coroação dos teus estudos, pedir-te licença para partilhar, de modo bem informal e direto, alguns momentos relevantes que pude presenciar ao longo da tua caminhada de estudos. Na impossibilidade da minha participação neste dia tão especial, uso essas palavras para fazer-me presente contigo e com todos que celebram este momento especial na tua vida. Na verdade, estou escrevendo estas linhas, sentado em um dos bancos da praça da catedral, defronte a um belo jardim, ao lado da Universidade de Salamanca, fundada no século XIII, a quarta Universidade mais antiga do Mundo e a primeira da Espanha.
Querida, a determinação, a ousadia e o olhar fixo nos sonhos que queremos realizar são condições necessárias para concretizar nossos objetivos. Com essa base, nascida da nossa maturidade e liberdade interior, todos os desafios encontrados ao longo do caminho serão encarados, não como empecilhos, mas, como substância fundamental para valorizar aquilo que desejamos almejar, e assim, poder dar o melhor de nós mesmos para, não obstante a tudo, fazer acontecer o projeto de vida em construção. Tal determinação e convicções ousadas integram as virtudes que fazem a tua personalidade.
Antes de discorrer um pouco da tua longa corrida rumo à vitória, gostaria de introduzir, destacando duas pessoas em tua história que foram o motor principal, a razão primeira da tua vida e dos teus estudos. São os nossos queridos pais Seu Abraão e Dona Nucy.
Quando os filhos têm a graça de contar com pais que buscam ensinar-lhes o valor dos estudos, terão garantidos a chave principal para a realização dos seus projetos. Às vezes, fico pensando, donde nascia o desejo profundo dos nossos pais em nos motivar, com insistência, aos estudos. E mais, não queria que fôssemos medíocres. Esperavam sempre que obtivéssemos bons resultados nas notas. O que mais me impressiona é que, naquela época, o contexto social, político, geográfico e cultural em que vivíamos, nada contribuía para que os pais oferecessem, como prioridade, os estudos aos filhos. Para comprovar isso, basta fazermos um levantamento percentual das famílias do nosso sítio e redondeza que conseguiram formar todos os filhos. O índice é baixíssimo.
Penso que nossos pais, apesar de não terem tido acesso às informações que prognosticavam os desafios do futuro, eram muito conscientes das exigências que o século XXI iria apresentar aos jovens que quisessem entrar no mercado do trabalho. Aqui, recordo que, mesmo diante de muitos trabalhos como, por exemplo, muito mato pra limpar, a roça cheia de feijão ou algodão para colher, ou seja, nada era motivo para deixar de ir à escola. A mesma coisa era contigo e Evanda nos trabalhos da casa. Em período de provas, papai nos acordava de madrugada para estudar. Não lembro se, também, chegastes a estudar de madrugada. Afinal, para ti que trabalhavas em casa, o ritmo era, de certa forma, mais leve.
Querida Evanúzia, antes mesmo de ver-te longe do desejo de estudar em Natal, pude testemunhar a sua determinação, coragem e responsabilidade em tudo o que fazias. Recordo, agora, dos gritos secos e chorosos que davas quando um de nós entrava em casa, no momento que estavas varrendo ou lavando a casa. Ou então, quando bebíamos água do pote e derramávamos um pouco no chão ou, quando deixávamos as marcas dos dedos sujos no copo de alumínio. Lembro muito dos gritos que davas em José. Penso que ele, por ser o caçula e ser da sua geração, era quem menos te obedecia. Tu davas um grito e ele respondia com dois ou três. Afinal, gritar foi uma das características marcante de José, em sua adolescência.
Depois, percebi teu espírito de liderança e abertura quando começastes a ajudar nas novenas do sítio. Tu, ainda adolescente, cantavas, coordenavas e fazias tudo como se fosses uma pessoa adulta. Fostes crescendo e sempre desinibida. No grupo de jovem do Venha Ver, eras uma protagonista junto com a coordenação. Presenciei também seu protagonismo nas missas do sítio e da cidade: fazias leituras e animavas as celebrações.
Quanto aos estudos, neste período, tu vivias em meio dos teus dois caros irmãos, Edilson e José. Eu já vivia estudando longe de casa. Por isso, não tenho conteúdo para descrever sobre o teu desempenho nos estudos naquele período. Entretanto, sei que não era nada fácil para os jovens do sítio estudarem nos precários centros de ensino do nosso município.
Querida irmã, guardo comigo uma imagem bastante forte do teu primeiro ano de estudo em Natal. Essa imagem me deixou mais convicto ainda do teu espírito de discernimento e da tua forte personalidade diante dos obstáculos da vida. Não sei se recordas. Um certo dia, fui com um casal de Natal te visitar quando vivias na zona norte de Natal. Moravas nos fundos de uma casa, em um quarto muito pequeno. Mas, muito pequeno mesmo. Lembro que, o teu guarda-roupa era uma caixa de papelão ou algo parecido. Para cozinhar, usavas um fogão de uma boca, tudo era muito simples. Fiquei, realmente, encantado e emocionado com a tua grandeza e simplicidade. Penso que a melhor maneira de medir a personalidade autêntica de uma pessoa é através do modo simples e natural como a mesma encara a vida em suas diversas faces. Naquele dia, voltei para Mossoró convicto de que nada te impediria de continuar os teus estudos.
Com relação à introdução dos teus estudos em Natal, bem como, o apoio estrutural e moral durante os dos primeiros anos na capital, sem dúvidas, tens uma pessoa que agradecerás eternamente. Esta pessoa é o nosso amado irmão Edilson Chaves. Ouso dizer que, aquilo que os nossos pais fizeram por nós na educação elementar, Edilson fez por ti e José na educação de nível superior. Creio que, ele tenha sido a porta de acesso para fazer do teu sonho, uma realidade possível. Sou testemunha do cuidado que ele tinha por ti e depois por José. Ele, como sempre foi determinado e prestativo, queria que os irmãos também olhassem para além da serra de São José. Daí, todo o seu esforço e apoio para que os dois irmãos também pudessem morar e estudar na capital.
Eu, por várias vezes, tive a oportunidade de visitar-te. Era sempre um prazer te escutar e acompanhar o teu desempenho, bem como, saber tua participação na missa dominical.
Em Mossoró, estivestes comigo, algumas vezes, fazendo vestibular. A espera pela tua aprovação, depois que fazias o vestibular, era infinita e sofrida. Lembro que eu ficava mais ansioso pelo resultado do vestibular do que a própria candidata. Contudo, quando chegou o ano da aprovação, a alegria foi dobrada: passastes, no mesmo ano, na UFRN e na UERN.
Querida, eu teria ainda muitos outros acontecimentos de sua vida que sinalizam o progresso da sua formação humana e intelectual. Paro por aqui porque não quero abusar muito do seu tempo e, nem, muito menos, abusar da paciência dos que estão participando da tua festa.
Peço-te permissão ainda, para, brevemente, recordar às vezes que me tornei uma pedra no teu caminho. Hoje, reconheço que, ao longo da tua jornada, em alguns momentos, feri tua liberdade, interferindo no direito inquestionável de relacionar-te com as pessoas que escolhias. Olhando do ponto de vista familiar, afetivo, talvez seja compreensível. Afinal, tu eras a única irmã que vivias longe de casa, e que, na minha ignorante e egoísta opinião, haver compromisso com algum rapaz, comprometeria o seu projeto de estudos.
Então, refletindo o passado, quero pedir-te perdão pelas minhas intransigências e interferências feitas de formas infundadas, agredindo diretamente a sua liberdade pessoal.
Para concluir, querida irmã, quero dizer-te que, o futuro do teu profissionalismo dependerá exclusivamente do modo como vais abraçar. A concorrência é a lei que, infelizmente, predomina na lógica do mercado de trabalho. Vence aquele que tem mais qualidade, e portanto, que corresponde integralmente com as exigências do mercado.
Querida Evanúzia, saibas que, embora haja uma infinidade de profissionais da tua área de trabalho, há também uma carência infinita de profissionais honestos, humanos, sensíveis e qualificados na prática do exercício.
Aqui, depende, repito mais uma vez, da escolha que farás: ser uma profissional da mediocridade ou ser uma que sentirá a necessidade da formação permanente, acompanhada dos valores que estão escassos no mundo do trabalho: a honestidade, a compaixão pela dignidade da pessoa e o respeito nas relações humanas. Sem dúvida, conhecedor da tua personalidade, estou convicto que escolherás a segunda opção citada.
Querida irmã, queria desejar do fundo do meu coração, os meus mais sinceros parabéns. Que Deus, o Criador, te dê muita sabedoria, serenidade e humanidade para cuidar com amor de todas as pessoas enfermas que recorrerão a ti. Nunca as trates como estranhas, anônimas, como objetos. A preservação da dignidade e do respeito pelo enfermo ou enferma devem estar acima de tudo. Fazendo assim, estarás enobrecendo a ti mesmo, ao teu próximo (paciente) e ao Criador.
Um abraço afetuoso, um beijo a todos que participam da tua festa e até breve,
seu irmão,
Talvacy Chaves de Freitas
Quero, primeiramente, nesta festa de coroação dos teus estudos, pedir-te licença para partilhar, de modo bem informal e direto, alguns momentos relevantes que pude presenciar ao longo da tua caminhada de estudos. Na impossibilidade da minha participação neste dia tão especial, uso essas palavras para fazer-me presente contigo e com todos que celebram este momento especial na tua vida. Na verdade, estou escrevendo estas linhas, sentado em um dos bancos da praça da catedral, defronte a um belo jardim, ao lado da Universidade de Salamanca, fundada no século XIII, a quarta Universidade mais antiga do Mundo e a primeira da Espanha.
Querida, a determinação, a ousadia e o olhar fixo nos sonhos que queremos realizar são condições necessárias para concretizar nossos objetivos. Com essa base, nascida da nossa maturidade e liberdade interior, todos os desafios encontrados ao longo do caminho serão encarados, não como empecilhos, mas, como substância fundamental para valorizar aquilo que desejamos almejar, e assim, poder dar o melhor de nós mesmos para, não obstante a tudo, fazer acontecer o projeto de vida em construção. Tal determinação e convicções ousadas integram as virtudes que fazem a tua personalidade.
Antes de discorrer um pouco da tua longa corrida rumo à vitória, gostaria de introduzir, destacando duas pessoas em tua história que foram o motor principal, a razão primeira da tua vida e dos teus estudos. São os nossos queridos pais Seu Abraão e Dona Nucy.
Quando os filhos têm a graça de contar com pais que buscam ensinar-lhes o valor dos estudos, terão garantidos a chave principal para a realização dos seus projetos. Às vezes, fico pensando, donde nascia o desejo profundo dos nossos pais em nos motivar, com insistência, aos estudos. E mais, não queria que fôssemos medíocres. Esperavam sempre que obtivéssemos bons resultados nas notas. O que mais me impressiona é que, naquela época, o contexto social, político, geográfico e cultural em que vivíamos, nada contribuía para que os pais oferecessem, como prioridade, os estudos aos filhos. Para comprovar isso, basta fazermos um levantamento percentual das famílias do nosso sítio e redondeza que conseguiram formar todos os filhos. O índice é baixíssimo.
Penso que nossos pais, apesar de não terem tido acesso às informações que prognosticavam os desafios do futuro, eram muito conscientes das exigências que o século XXI iria apresentar aos jovens que quisessem entrar no mercado do trabalho. Aqui, recordo que, mesmo diante de muitos trabalhos como, por exemplo, muito mato pra limpar, a roça cheia de feijão ou algodão para colher, ou seja, nada era motivo para deixar de ir à escola. A mesma coisa era contigo e Evanda nos trabalhos da casa. Em período de provas, papai nos acordava de madrugada para estudar. Não lembro se, também, chegastes a estudar de madrugada. Afinal, para ti que trabalhavas em casa, o ritmo era, de certa forma, mais leve.
Querida Evanúzia, antes mesmo de ver-te longe do desejo de estudar em Natal, pude testemunhar a sua determinação, coragem e responsabilidade em tudo o que fazias. Recordo, agora, dos gritos secos e chorosos que davas quando um de nós entrava em casa, no momento que estavas varrendo ou lavando a casa. Ou então, quando bebíamos água do pote e derramávamos um pouco no chão ou, quando deixávamos as marcas dos dedos sujos no copo de alumínio. Lembro muito dos gritos que davas em José. Penso que ele, por ser o caçula e ser da sua geração, era quem menos te obedecia. Tu davas um grito e ele respondia com dois ou três. Afinal, gritar foi uma das características marcante de José, em sua adolescência.
Depois, percebi teu espírito de liderança e abertura quando começastes a ajudar nas novenas do sítio. Tu, ainda adolescente, cantavas, coordenavas e fazias tudo como se fosses uma pessoa adulta. Fostes crescendo e sempre desinibida. No grupo de jovem do Venha Ver, eras uma protagonista junto com a coordenação. Presenciei também seu protagonismo nas missas do sítio e da cidade: fazias leituras e animavas as celebrações.
Quanto aos estudos, neste período, tu vivias em meio dos teus dois caros irmãos, Edilson e José. Eu já vivia estudando longe de casa. Por isso, não tenho conteúdo para descrever sobre o teu desempenho nos estudos naquele período. Entretanto, sei que não era nada fácil para os jovens do sítio estudarem nos precários centros de ensino do nosso município.
Querida irmã, guardo comigo uma imagem bastante forte do teu primeiro ano de estudo em Natal. Essa imagem me deixou mais convicto ainda do teu espírito de discernimento e da tua forte personalidade diante dos obstáculos da vida. Não sei se recordas. Um certo dia, fui com um casal de Natal te visitar quando vivias na zona norte de Natal. Moravas nos fundos de uma casa, em um quarto muito pequeno. Mas, muito pequeno mesmo. Lembro que, o teu guarda-roupa era uma caixa de papelão ou algo parecido. Para cozinhar, usavas um fogão de uma boca, tudo era muito simples. Fiquei, realmente, encantado e emocionado com a tua grandeza e simplicidade. Penso que a melhor maneira de medir a personalidade autêntica de uma pessoa é através do modo simples e natural como a mesma encara a vida em suas diversas faces. Naquele dia, voltei para Mossoró convicto de que nada te impediria de continuar os teus estudos.
Com relação à introdução dos teus estudos em Natal, bem como, o apoio estrutural e moral durante os dos primeiros anos na capital, sem dúvidas, tens uma pessoa que agradecerás eternamente. Esta pessoa é o nosso amado irmão Edilson Chaves. Ouso dizer que, aquilo que os nossos pais fizeram por nós na educação elementar, Edilson fez por ti e José na educação de nível superior. Creio que, ele tenha sido a porta de acesso para fazer do teu sonho, uma realidade possível. Sou testemunha do cuidado que ele tinha por ti e depois por José. Ele, como sempre foi determinado e prestativo, queria que os irmãos também olhassem para além da serra de São José. Daí, todo o seu esforço e apoio para que os dois irmãos também pudessem morar e estudar na capital.
Eu, por várias vezes, tive a oportunidade de visitar-te. Era sempre um prazer te escutar e acompanhar o teu desempenho, bem como, saber tua participação na missa dominical.
Em Mossoró, estivestes comigo, algumas vezes, fazendo vestibular. A espera pela tua aprovação, depois que fazias o vestibular, era infinita e sofrida. Lembro que eu ficava mais ansioso pelo resultado do vestibular do que a própria candidata. Contudo, quando chegou o ano da aprovação, a alegria foi dobrada: passastes, no mesmo ano, na UFRN e na UERN.
Querida, eu teria ainda muitos outros acontecimentos de sua vida que sinalizam o progresso da sua formação humana e intelectual. Paro por aqui porque não quero abusar muito do seu tempo e, nem, muito menos, abusar da paciência dos que estão participando da tua festa.
Peço-te permissão ainda, para, brevemente, recordar às vezes que me tornei uma pedra no teu caminho. Hoje, reconheço que, ao longo da tua jornada, em alguns momentos, feri tua liberdade, interferindo no direito inquestionável de relacionar-te com as pessoas que escolhias. Olhando do ponto de vista familiar, afetivo, talvez seja compreensível. Afinal, tu eras a única irmã que vivias longe de casa, e que, na minha ignorante e egoísta opinião, haver compromisso com algum rapaz, comprometeria o seu projeto de estudos.
Então, refletindo o passado, quero pedir-te perdão pelas minhas intransigências e interferências feitas de formas infundadas, agredindo diretamente a sua liberdade pessoal.
Para concluir, querida irmã, quero dizer-te que, o futuro do teu profissionalismo dependerá exclusivamente do modo como vais abraçar. A concorrência é a lei que, infelizmente, predomina na lógica do mercado de trabalho. Vence aquele que tem mais qualidade, e portanto, que corresponde integralmente com as exigências do mercado.
Querida Evanúzia, saibas que, embora haja uma infinidade de profissionais da tua área de trabalho, há também uma carência infinita de profissionais honestos, humanos, sensíveis e qualificados na prática do exercício.
Aqui, depende, repito mais uma vez, da escolha que farás: ser uma profissional da mediocridade ou ser uma que sentirá a necessidade da formação permanente, acompanhada dos valores que estão escassos no mundo do trabalho: a honestidade, a compaixão pela dignidade da pessoa e o respeito nas relações humanas. Sem dúvida, conhecedor da tua personalidade, estou convicto que escolherás a segunda opção citada.
Querida irmã, queria desejar do fundo do meu coração, os meus mais sinceros parabéns. Que Deus, o Criador, te dê muita sabedoria, serenidade e humanidade para cuidar com amor de todas as pessoas enfermas que recorrerão a ti. Nunca as trates como estranhas, anônimas, como objetos. A preservação da dignidade e do respeito pelo enfermo ou enferma devem estar acima de tudo. Fazendo assim, estarás enobrecendo a ti mesmo, ao teu próximo (paciente) e ao Criador.
Um abraço afetuoso, um beijo a todos que participam da tua festa e até breve,
seu irmão,
Talvacy Chaves de Freitas
Minha linnnnnnnnnnnnnnnnda, q belooooooooooooooooooo. Parabéns, continue escrevendo, isso ajuda no crescimento intelectual e linguistica!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirBjusssssssssssssssssssssss